Fábrica de estórias bruxinha despenteada de Sandra Jordão
terça-feira, 31 de maio de 2016
sexta-feira, 27 de maio de 2016
E as visitas continuam... Em Fevereiro de 2016, a Sandra e os Cachorrinhos foram recebidos pelos meninos do Centro Bem Estar Infantil de Monte Real e o Jardim "Os Pequeninos" de Vieira de Leiria.
Pelo Natal de 2015, "A Bruxinha Despenteada" e " O Lar dos Cachorrinhos" visitaram os amigos
domingo, 22 de maio de 2016
Texto com que participei no “Concurso Internacional Onkyo Braille”, tendo sido um dos escolhidos para representar o nosso país.
Sandra Jordão, Feminino
Leiria, Portugal
O menino cego
Desde
criança que me impressiona imenso esta palavra: B R A I L L E. Lembro-me de a ter
ouvido pela primeira vez na escola primária, quando “o menino cego”– como era chamado – veio para
a minha sala a meio do ano letivo. Ele fazia-se acompanhar de uma bengala cujo
som rapidamente se tornou parte do ambiente escolar. A princípio não olhei
muito para ele, não o encarava bem de frente porque me sentia embaraçada, mas um
dia meti conversa com ele e com a minha mão elevei- lhe um pouco o queixo. Pude
ver então, os seus olhos grandes e brancos que me deixaram bastante
impressionada: duas bolas salientes e brilhantes como a lua que me fizeram dar
um passo atrás e derrubar o copo dos lápis da mesa da professora. Nunca vira ninguém
assim, mas envergonhei-me pela minha reação.
“O
menino cego”apercebendo-se do meu desconforto, pelo movimento repentino que
fiz, tentou acalmar- me mas tudo o que consegui foi afastar- me. A partir desse
dia, sempre que o via, disfarçava o incómodo que aqueles olhos me causavam, no
entanto, penso que ele se apercebia disso e com o tempo deixou de me falar.
No
recreio, ele costumava ficar sentado num banco debaixo da árvore grande e eu observava-o
ao longe. Ele tirava da mochila um livro que colocava no colo e, com os seus
pequenos dedos percorria as folhas, uma a uma, com espantosa rapidez. Então, um
dia, ganhei coragem e aproximei-me dele e perguntei-lhe o que estava a fazer
com aquele livro com as páginas em branco. Respondeu-me que lia. Então
sentei-me a seu lado e fiquei a ouvi-lo ler em voz alta. Mas para mim era um
enigma, como poderia ele ler sem letras?
Foi
então que me disse: “Estas letras são
mágicas! E, agarrando-me na mão, colocou-a em cima do livro. Com os meus
dedos pude sentir os pontos elevados na
folha de papel e fechei os olhos. O meu amigo continuou a ler e eu fiquei
maravilhada.
Ele simplesmente sorriu para
mim e explicou-me com como eu poderia ler apenas pelo toque naqueles pontinhos,
a escrita dos cegos - o B R A I L L E. O meu amigo aprendeu a ler Braille em três
semanas, tal era a sua ânsia de aprender a ler sem ter que depender de ninguém.
Para ele a leitura era o que mais o fascinava, pois sentia-se igual a toda a
gente.
Foi o meu primeiro
contato com essa escrita mágica que nos aproximou um do
outro, sem diferenças
ou limitações.
“O
menino cego” ensinou-me a valorizar os livros, o cheiro do papel, da tinta, o
tacto, a textura, o folhear folha a folha, o sentir cada palavra, que é como
entrar num portal e do lado de lá encontrar um mundo completamente novo e
mágico, onde somos todos iguais.
Ele
costumava dizer-me: “Ler B R A I L L E é a forma mágica de se fazer
transportar para um novo mundo, o mundo dos sonhos, do conhecimento, traduzido
em pequenos pontos palpáveis e sentidos nas pontas dos dedos!”.
O B R A
I L L E abriu- me os olhos para uma realidade que eu não conhecia, fechar os
olhos e sentir nas folhas de papel os relevos, a escrita, comunicar para além do que é visível aos olhos, mas acima
de tudo, visível no coração, através dos outros sentidos.
Nunca
mais vi o meu amigo cego, porque ele mudou de residência e perdi-lhe o rasto, mas
também nunca mais me esqueci dos momentos que passámos juntos a ler e a sonhar.
Muitos
anos mais tarde, era eu então mãe pela terceira vez, realizei um sonho que me
acompanhava desde a infância ao publicar o meu primeiro livro infantil e
comecei, em part-time, a visitar escolas e jardins de infância a contar a minha
história aos meninos e a partilhar com eles os meus sonhos.
Nessa caminhada
presenciei coisas maravilhosas, como um dia, estando à conversa com as crianças, houve uma que me
disse: “mas os meninos cegos não podem
ler a tua história!” De repente,
fui acometida por um flash inesperado daquela recordação do meu amigo de
infância, que passava os dias a ler com a ponta dos dedos. Tive muita vontade
de fazer o B R A I L L E e proporcionar às crianças momentos felizes com a
minha hitória e na procura incessante dos meios para levar a cabo esta tarefa,
encontrei pessoas que gostaram da minha ideia e que tornaram o meu projeto uma
realidade.
Os meus livros estão hoje à
disposição das crianças nas Acapos de Portugal e nas bibliotecas escolares, mas
muito me espantou ouvir dizer que o B R A I L L E está a cair em desuso, talvez
pelo facto da tecnologia estar de tal forma avançada que ler um livro online ou
ouvi-lo em áudio são, talvez, as formas
mais procuradas e mais rápidas de ler, o que para mim é inconcebível, pois
adquiri o gosto pelos livros em papel desde a infância e não imagino num mundo
sem livros, sem folhear as páginas e sentir-lhes o cheiro e a textura.
No entanto, também recebi a notícia num Centro
para Cegos, que uma criança que
normalmente “fugia” ao B R A I L L E, requisitou o meu livro para ler em casa,
o que me deixou sensibilizada e orgulhosa, por estar a fazer algo positivo pelo
B R A I L L E.
Outra situação que me deixou
muito feliz e emocionada foi no dia em que estive na companhia dum grupo de
crianças e jovens cegos, tendo um menino
me agarrado na mão por três vezes vezes, levando-a ao seu
rosto e, na terceira vez disse baixinho para mim: “gosto muito de ti!”, outra criança
que tocou no desenho da personagem principal (em relevo) e disse: “Olha, ela está toda despenteada!”, ao
que todos se riram. Houve uma menina no grupo que leu para nós a minha história
e no final contou-me que havia aprendido a ler o braille em 3 semanas, tal como
o meu amigo. Também para ela o cheiro, a
textura e o sentir o folhear das páginas era imprescindível e sem comparação
aos livros online: “nada se compara a
sentir os pontinhos com os dedos e a mensagem surgir como por magia; códigos decifrados
que desvendam histórias. Indescritível e incomparável”– disse-me ela.
E tal como “o menino cego”, também
ela tinha duas bolas brancas nos olhos, mas desta vez não me causou qualquer outro
sentimento a não ser o de cumplicidade e igualdade, pois tal como ela eu adoro os livros!
sexta-feira, 20 de maio de 2016
Feliz Aniversário Bruxinha Despenteada!!
A Bruxinha Despenteada fez 3 anos em Outubro 2015, e para comemorar, ela convidou os amigos a conhecer o 3º livro infantil publicado da autora Sandra Jordão - "O Lar dos Cachorrinhos".
E sabem como nasceu esta estória? Pois bem, eu conto, com outra estória:
"Era uma vez a Sandra que estava na sua aula de inglês para fazer o First Certificate. Um dos sonhos da Sandra quando era menina era ser professora de inglês. Mas tal não foi possível e, um dia, já mãe de 3 potinhos de ouro, a Sandra decidiu ir tirar um curso de inglês. Começou pelo First Certificate, pois já tinha estudado até ao 12º ano e o seu nível de inglês era para este exame.
Então um dia, na aula de inglês, foi dado à Sandra um teste e nesse teste ela tinha de escrever uma "Short Story" (pequena estória), a começar com a frase seguinte:
"Joanna turned off the lights and looked out of the window into the dark street".
E, nascia assim, o primeiro capítulo da estória : "O Lar dos Cachorrinhos", pois a Sandra imaginou logo um livro carregado de aventuras.
Então a Sandra escreveu mais dois capítulos e o último escreveu quando já só faltava uma semana para acabar o ano lectivo. Pois é! Prometido é devido! E a Sandra havia prometido aos alunos.
O capítulo final é enternecedor e feliz. Sim, porque a Sandra só acredita em finais felizes!
Estão a ver que, duma simples frase, se pode inventar uma estória fabulosa?!
Então do que estão à espera? Vá lá, toca a escrever!!
terça-feira, 17 de maio de 2016
Biblioteca Afonso Lopes Vieira, Novembro 2015
O Traquinas, A Torneirinha, o Lobinho, o Bochechas, O PomPom, o Dorminhoco e o Bolinhas.
- " Sandra, eu já tenho a Bruxinha Despenteada!"
- "Eu cheguei atrasada e não ouvi a estória..." - disse a menina à escritora, ao que ela lhe respondeu:
- "Não faz mal, eu conto para ti!"
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